07 set ODONTOLOGIA E QUALIDADE DE VIDA
Num papo entre amigos é comum a conversa girar em torno das dificuldades da vida cotidiana, bem como costumeiro, ouvir alguém falar que tem como meta melhorar sua qualidade de vida. Mas, afinal, o que realmente é qualidade de vida? Será que ela tem relação com odontologia? E por que todo mundo anseia tanto uma qualidade de vida melhor? O mundo tem mudado de forma muito rápida, devido, em grande parte, a internet que criou uma esfera de possibilidades que alteraram definitivamente o estilo de vida das pessoas. Graças a ela, muita coisa boa aconteceu, é verdade, mas por outro lado o nível de competição no ambiente de trabalho e nas relações pessoais aumentaram em escala exponencial.
Tal fato exigiu das pessoas uma nova dinâmica de vida e para contemplar toda essa exigência o tempo passou a ser um elemento decisivo. Além disso, o aumento populacional alterou o espaço urbano principalmente nas grandes cidades e, como consequência, o stress e suas somatizações ganharam espaço na vida das pessoas: velhas doenças e novos cenários patológicos, frutos deste modo de viver, apareceram.
Desde a Carta de Otawwa, publicada no Canadá, em meados de 1986, após a 1ª Conferência Mundial de Saúde, os paradigmas sobre saúde mudaram e aspectos clínicos assistenciais exclusivamente levados em consideração até aquele momento foram substituídos por um novo conceito: ter saúde a partir de então deixou de ser apenas o oposto de não estar doente.
Nesta perspectiva, caro leitor, um conjunto de fatores começou a influenciar o conceito de saúde, de tal forma, que para um indivíduo considerar-se saudável nos dias atuais precisa levar em consideração vários aspectos como paz social, redução da violência, condições dignas de moradia, educação, alimentação, renda, ecossistema saudável, recursos renováveis, justiça social e equidade.
Analisando essa série de aspectos, podemos perceber a intrínseca condição de qualidade de vida atrelada a eles, e embora possa parecer subjetivo, esse novo olhar sobre a vida das pessoas começou a estabelecer paramentos possíveis de serem quantificados de forma confiável e reproduzível para modelos estatísticos experimentais. Como saúde é uma condição ampla e o organismo uma estrutura complexa e interligada, a condição de saúde bucal pode impactar positivamente ou negativamente a qualidade de vida do indivíduo.
Não ter dentes ou tê-los, em quantidade insuficiente que impossibilite a mastigação e a consequente absorção dos nutrientes pelo organismo, são preditores de suscetibilidade a problemas de saúde, principalmente para aqueles em estágios avançados de vida e, na grande maioria portadores de comorbidades, que precisam de uma dieta rica em nutrientes encontrados nos alimentos naturais.
Se mastigar é um sacrífico, a solução é comer alimentos pastosos que infelizmente são pobres em substâncias saudáveis. Por outro lado, a presença de dentes com problemas de cárie ou doença periodontal é uma condição dolorosa. Como dor é sinônimo de stress, caso essa condição esteja associada a dificuldades financeiras (relacionadas ao acesso aos serviços odontológicos) pode acabar comprometendo a rotina do indivíduo e sua relação com as outras pessoas.
Portanto, além destes aspectos listados anteriormente, perder dentes compromete também a pronúncia das palavras e afeta a aparência. Em um mundo competitivo como o nosso, tal condição reflete no comportamento do indivíduo e tende a impactá-lo negativamente: sensação de envelhecimento, insegurança ao sorrir e preconceito são condições frequentes que podem influenciar a autoestima e propiciam, muitas vezes, problemas psicossomáticos relacionados a aceitação e autoafirmação.